O casamento não é uma só coisa grande, mas sim é um milhão de pequenas coisas

04-08-2022

Ao colocarmos um pé à frente do outro, podemos criar interacções que conduzem a uma relação moldada pelo amor, respeito e afirmação.
artigo de Liz Higgins in The Gottman Institute

E se eu vos dissesse que existem passos específicos e concretos para ter uma relação melhor?

Após mais de quatro décadas a estudar os componentes do que cria parcerias duradouras e bem sucedidas, o Dr. John Gottman descobriu o que os casais podem fazer para preparar o caminho para ter, e manter, o seu casamento ideal.

Uma revelação que surgiu da sua investigação é a ideia de que pequenos momentos intencionais têm mais peso do que gestos isolados e extravagantes quando se trata de construir longevidade emocional na sua relação. O lema do Dr. Gottman é fazer e receber "pequenas coisas frequentemente".

Isto não significa que não possamos agendar uma saída romântica, ou uma escapadela uma escapadela romântica de fim-de-semana, na montanha ou junto ao mar. As coisas grandes também são importantes. É um lembrete para apreciar as pequenas coisas.

As ofertas são os blocos de construção de relações

No seu livro The Relationship Cure (A cura da Relação n.t.), Gottman descreve o termo "oferta" para a troca de comunicação emocional nas relações. Um exemplo de uma oferta e resposta é a simples saudação de "Olá, como estás hoje?" com, "Estou bem! E tu?"

As ofertas podem variar desde tentativas básicas de ligação ("Viste isto?") até expressões mais profundas de vulnerabilidades emocionais ("Sou um bom marido?"). As ofertas são os blocos de construção das relações, e a nossa capacidade de "virar-se para..." e aceitá-las depende do quão bem estamos sintonizados com o nosso parceiro.

A aceitação de ofertas constrói a ligação. A falta de ofertas resultam em desconexão. Devemos pensar em ofertas, como os movimentos bancários (débitos e créditos) na conta bancária Emocional da nossa relação.

Encontrei-me com um casal, Tanya e Barrett, onde rapidamente se tornou evidente que os seus "problemas de comunicação" não eram de facto problemas profundos e complexos, mas sim momentos de falta de receptividade às ofertas um do outro para ligação.

Tanya desabafava sobre como era frustrante ao regressar a casa para junto de Barrett, e encontrá-lo a descomprimir do seu dia atarefado como advogado fiscal diante do seu iPad a ver Netflix.

Tanya contava que tinha por hábito entrar pela porta de casa e gritar: "Querido, cheguei!" e não ter nenhuma resposta. Expressava o quão doloroso era para ela não ter uma palavra de acolhimento e admitiu o ressentimento que tinha vindo a acumular em relação a Barrett, por não a reconhecer aquando a chegada dela. Aliás, Tanya começou a escrever um guião na sua própria cabeça, do como Barrett não se importava realmente com ela. Tinha começado a sentir-se extremamente pequena na sua relação devido a estas ofertas perdidas para se conectarem.

Ao explorar esta dinâmica, Barrett deu-se conta do quão importante era a sua capacidade de se sintonizar com as ofertas de Tanya para se conectarem. Deste modo Barrett, concordou em procurar estar mais atento às ofertas de Tanya e fazer o seu melhor para responder.

Todos os dias da semana seguinte, ele estava pronto. Chegou mesmo a relatar como foi agradável estar pronto para saudar Tanya quando ela entrava pela porta, e como foi óptimo ver o seu rosto iluminado quando ele lhe deu apenas alguns segundos de atenção. "Percebi que não se tratava de ela ser carente nem de procurar atenção. Ela queria mesmo ver-me. Isso soube-me bem" disse Barrett.

Algumas semanas após fazer isto, Barrett partilhou que se tinha especializado em dar respostas simples a Tanya. Na noite anterior à nossa última sessão, Tanya entrou pela porta da cozinha e viu Barrett a preparar o jantar para eles.

Lembro-me das lágrimas nos seus olhos Tanya, quando ela se recordou do que Barrett lhe disse: "Olá, querida! Lembrei-me de experimentar a nova receita de frango frito com amendoins. Pensei que gostarias de relaxar enquanto eu faço o jantar esta noite".

Dado do Afeto e da Ternura 

(elaborado por mim)

A chave para um compromisso bem sucedido reside na sua capacidade de resposta, bem como na sua capacidade mútua de reconhecer as suas diferenças. Não se trata em nos forçarmos em concordar com tudo o que o/a nosso/a parceiro/a nos pede, mas apenas sabermo-nos sintonizar e conectar com as suas necessidades. Trata-se em reconhecer a oferta e responder de forma respeitosa, que pode correr bem, mesmo que não estejamos de acordo.

As ofertas de conexão irão reforçar a nossa relação um passo de cada vez. Ao colocarmos um pé à frente do outro, podemos criar interacções que conduzem a uma relação moldada pelo amor, respeito e afirmação.


Tradução para Português: Susana Silva

Original: https://www.gottman.com/blog/marriage-not-big-thing-million-little-things/?utm_source=email&utm_medium=mm&utm_campaign=mm580-gra-08-04-22